Na Biologia, um dos assuntos que gera muitas dúvidas e curiosidades é o uso da nomenclatura binomial (ou binária), ou seja o nome científico das espécies e as atuações das áreas da Taxonomia e nomenclatura dos seres vivos.
Popularmente podemos conhecer uma espécie por diversos nomes e até mesmo conhecer espécies diferentes com nomes populares iguais. A forma de evitar essas confusões no meio científico foi através da Taxonomia.
Formalizada por Carl Nilsson Linnæus no século XVIII, a Taxonomia (classificação dos seres vivos) permite que as espécies sejam reconhecidas e identificadas mundialmente através de seu nome em latim, que é composto por duas palavras: nome genérico e o descritor específico. Essas duas palavras indicam respectivamente o nome do gênero (sempre escrito com a inicial maiúscula) e o epíteto específico (assim chamado na Botânica), sempre escrito em letras minúsculas.
Por exemplo: a planta do alho é a espécie cientificamente chamada Allium sativum, onde Allium é o gênero. (Ilustração abaixo de Icones plantarum medico-oeconomico-technologicarum cum earum fructus ususque descriptione =. Wien :herausgegeben von Ignatz Albrecht und verlegt bey Phil. Jos. Schalbaecher .,[1800]-1822.)
As palavras em latim ou latinizadas por muitas vezes trazem características da espécie que nomeia, ou indicativos de sua origem ou de alguma peculiaridade.
Termos como sativa, sativum e sativus significam 'cultivado' ou 'plantado' e são frequentemente encontrados nos nomes científicos das plantas domésticas. Outro exemplo: Coriandrum sativum (coentro, acima na ilustração de Franz Eugen Köhler, Köhler's Medizinal-Pflanzen, 1896.)
A Taxonomia é a disciplina das Ciências Biológicas que define os grupos de seres vivos, através da classificação e da nomenclatura. A classificação é o sistema que organiza os seres vivos em categorias, conforme alguns critérios e características em comum, como por exemplo relações de parentesco evolutivo. Essas categorias são ordenadas do maior grupo para o menor, conforme a sequência básica: Domínio, Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie. Entre esses grupos ainda é possível encontrar pequenas divisões, como Subfamílias ou Subespécies, por exemplo. A tarefa de nomear os indivíduos e os grupos aos quais pertencem é realizada pela nomenclatura.
Atualmente cada Ciência dentro da Biologia que aborde a nomenclatura, tem seu próprio corpo de regras. Na Botânica, essas regras são determinadas pelo ICBN - o Código Internacional de Nomenclatura Botânica.
O Código Internacional de Nomenclatura Botânica é o conjunto de normas e recomendações que regem a atribuição formal da nomenclatura binomial às espécies no âmbito da Botânica e da Micologia, ou seja é aplicado não apenas às plantas, incluindo outros organismos tradicionalmente estudados pelos botânicos, como algas azuis (cianobactérias), fungos, liquens e protistas fotossintéticos, mesmo que taxonomicamente estejam relacionados com grupos não fotossintéticos.
Existem regras específicas para esses grupos, estabelecidas pelo ICBN, em particular os casos de anamorfismo (que engloba organismos com diferentes graus de diferenciação e especialização) e os fósseis.
As plantas cultivadas são regidas por um código específico, que é o Código Internacional de Nomenclatura de Plantas Cultivadas (ICNCP), que é um complemento que aborda o uso e registro dos nomes de cultivar, sinônimos comerciais, cultivares de origem híbrida e quimeras de enxerto.
O principal objetivo desses códigos é o de assegurar que cada grupo taxonômico (cientificamente chamado "taxon", de plural "taxa") de plantas, algas, cianobactérias e fungos tenha um único nome reconhecido e aceito universalmente.
Desta forma, o nome científico tem a finalidade de identificar cada espécie, de modo que em qualquer lugar do mundo haja este entendimento, evitando as confusões de nomes populares e o intercâmbio de informações científicas.
Por: Patrícia Dijigow