A Galeria Ibirapitanga, a primeira galeria de arte e natureza do Brasil, é uma das células da Escola de Botânica - a única escola exclusiva de popularização da Botânica no país.
Ao abrir seu espaço para expor produções brasileiras cujo foco seja a divulgação da natureza, a Galeria Ibirapitanga promove a comunicação de conhecimentos e reflexões sobre o mundo natural e enfatiza a importância das manifestações artísticas como um importante veículo para aproximar o público para temas atuais, que envolvem a proteção e a conscientização sobre a importância da natureza e biodiversidade e o resgate de conhecimentos tradicionais.
Ibirapitanga
Os tupinambás, que habitavam regiões da costa brasileira, chamavam a árvore pau-brasil (Paubrasilia echinata) de Ibirapitanga: do tupi ïbï'rá [= pau] + pi'tãga [= vermelho]. O Brasil é a única nação do mundo que traz uma árvore em seu nome: o pau-brasil, que muito antes do processo de colonização, já era conhecida e utilizada pelos povos originários que habitavam Mata Atlântica para tingir objetos e artefatos de vermelho. Alvo de extrativismo nos últimos 522 anos, o pau-brasil é citado na lista vermelha das espécies da flora como ameaçado de extinção.
Esta árvore tão emblemática para os povos tradicionais e que permanece desconhecida por muitos brasileiros, nomeia a primeira galeria de arte e natureza do Brasil - o país que detém a maior biodiversidade vegetal do planeta.
Em seu primeiro ciclo de exposições, a Galeria Ibirapitanga abre espaço para manifestações artísticas que enfatizam os biomas brasileiros.
Exposição Nhe’éry: Carlos Papá e Karola Braga
A primeira exposição da Galeria Ibirapitanga enaltece o bioma Mata Atlântica através da produção audiovisual do líder e cineasta indígena Carlos Papá e das esculturas olfativas da artista e pesquisadora Karola Braga. Nhe'éry significa “lugar onde as almas se banham”. É deste modo que os povos tradicionais chamam a Mata Atlântica e a respeitam como um local sagrado, transposto pela água que origina a vida.
Fotos: Felipe Fontoura
Carlos Papá é um líder e cineasta indígena do povo Guarani Mbya, que trabalha há mais de 20 anos com audiovisual, com foco em documentários, filmes e oficinas culturais para jovens. A produção que apresenta na exposição é narrada e cantada nas línguas indígenas faladas na Mata Atlântica e despertam para a íntima e profunda relação de respeito pela área que atualmente está reduzida a apenas 12,4% da floresta original.
Karola Braga é Mestra em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo (ECA/USP) e Bacharel em Artes Plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Karola recorre aos encantos dos aromas, que são capazes de reavivar memórias e despertar sentimentos múltiplos de ausência/presença. Sua obra O que fica de abraços prestes a serem extintos traz réplicas em gesso de troncos cortados de árvores da Mata Atlântica e os aromas de quatro espécies das orquídeas nativas Zygopetalum crinitum, Miltonia regnellii, Cattleya labiata e Cattleya aclandiae - todas ameaçadas de extinção.
Da esquerda para a direita: Karola Braga, Carlos Papá e Ana Carolina Ralston.
A exposição Nhe’éry: Carlos Papá e Karola Braga tem curadoria de Ana Carolina Ralston e apoio de Hoegaarden.
Fotos da abertura da exposição por Felipe Fontoura.
Informações gerais sobre a exposição
Nhe’éry: Carlos Papá e Karola Braga
De 05 de setembro à 07 de outubro de 2022
Rua João Elias Saada, 105
Bairro Pinheiros - São Paulo
A entrada é gratuita e para visitar a exposição é necessário realizar o agendamento previamente, escolhendo dia e horário no botão abaixo.
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