Algumas plantas não possuem clorofila (grupo de pigmentos fotossintetizantes) e por este motivo dependem dos nutrientes de outra planta para se manterem vivas.
A relação ecológica entre espécies diferentes, na qual a espécie que se aproveita dos recursos da outra é denominada parasita e a espécie prejudicada é chamada de hospedeira, recebe o nome de parasitismo.
Um exemplo de plantas parasitas são as espécies do gênero Cuscuta da família Convolvulaceae, como a Cuscuta racemosa, popularmente conhecida como cipó-chumbo, uma liana nativa do Brasil, encontrada no Cerrado e na Mata Atlântica. O cipó-chumbo é caracterizado pela coloração amarela e seu aspecto filamentoso que lembra fios de ovos. Suas folhas são reduzidas a escamas muito pequenas ou mesmo ausentes.
O cipó-chumbo é denominado holoparasita, ou seja parasita obrigatória. Já outras plantas, como as chamadas ervas-de-passarinho são clorofiladas e capazes de realizar a fotossíntese, porém para economizar recursos, se aproveitam de outras hospedeiras para complementar sua nutrição, sendo denominadas hemiparasitas.
Para extrair a seiva orgânica da planta hospedeira, o cipó-chumbo possui estruturas especializadas chamadas haustórios, que penetram até os vasos condutores da planta hospedeira, de onde retiram água e nutrientes.
O ciclo de vida do cipó-chumbo é iniciado quando sua semente germina: as plântulas são verdes e possuem raízes, mas conseguem viver por poucos dias sem depender de uma hospedeira. Assim que seu crescimento alcança uma planta hospedeira. A germinação pode ocorrer diretamente sobre o caule de uma planta hospedeira.
A raiz que se forma para se fixar na hospedeira, desenvolve primeiramente um órgão de contato denominado apressório. Do interior desse órgão de fixação é que partem os haustórios, que penetram até atingir os vasos condutores da planta hospedeira. A planta cresce rapidamente envolvendo a hospedeira com seu caule filamentoso e desenvolve flores de coloração amarela, vermelha, rosa ou branca. Os frutos contêm uma semente em cada lóculo.
Para combater o cipó-chumbo, não se deve utilizar herbicidas. Nosso professor e parceiro, o agrônomo paisagista Gabriel Kehdi explica que se a ação sobre a planta hospedeira não for intensa, pode-se realizar a remoção manual, preferencialmente antes que floresça e frutifique. Em caso de infestação mais severa, são necessárias podas dos ramos infestados. Em todas as situações é necessário acompanhamento.
A longo prazo esse parasitismo leva à morte da planta hospedeira, que se torna fraca, vulnerável e incapacitada de realizar seu metabolismo com eficiência.
O cipó-chumbo também pode transmitir doenças causadas por vírus para outras hospedeiras, sendo responsável por muitos danos na agricultura, em jardins e em árvores utilizadas na arborização urbana.