As plantas possuem diversos grupos de pigmentos: as clorofilas (que são os pigmentos fotossintéticos mais importantes), os carotenoides (amarelos) e as antocianinas (azul, vermelho e roxo).
Os pigmentos são substâncias que absorvem a luz, entre determinadas faixas do espectro, e permitem que a energia luminosa seja utilizada pela planta em processos metabólicos, como a fotossíntese.
Os pigmentos também desempenham papéis importantes de proteção dos tecidos vegetais e atração de polinizadores, e são amplamente estudados para serem empregados como agentes de coloração natural em alimentos, levando em consideração diversos fatores como a sua solubilidade em água, segurança (não podem ser tóxicos) e estabilidade molecular.
Nas plantas a cor azul é muito rara e um dos exemplos mais famosos para obtenção desse pigmento vem da espécie Indigofera tinctoria: o popular índigo, que não é encontrado na planta viva, mas obtido através de oxidações e é amplamente utilizado na indústria têxtil. Embora existam outros exemplos de plantas com flores azuis, como hortênsia e bela-emília, esses pigmentos se degradam logo após a sua extração, inviabilizando seu uso.
Em pesquisa inédita, realizada pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), realizada pelo químico Erick Bastos e pela bioquímica Barbara Freitas-Dörr e publicada na revista Science Advances, um novo corante azul, atóxico e renovável foi criado a partir do pigmento da beterraba: a BeetBlue.
A BeetBlue é produzida a partir da betanina, pigmento vermelho e disponível em abundância na beterraba. Para ser transformada em BeetBlue, a molécula da betamina é purificada e quebrada para produzir o ácido betalâmico. Na sequência, este é ligado a outra molécula (pirrol) que torna sua cadeira maior, fazendo com que reflita a cor azul.
A BeetBlue foi testada e tinge papel, tecido de algodão, fios de seda, cabelo, iogurte e outros materiais e ainda tem a vantagem de não conter metais em sua estrutura. A presença de metais em corantes sintéticos é um fator responsável pela toxicidade.
Em etapa seguinte, novas pesquisas deverão ser realizadas para determinar se a substância é segura para consumo humano.
Para saber mais sobre essa pesquisa, acesse o artigo na Revista Fapesp (https://revistapesquisa.fapesp.br/azul-da-natureza) e confira o vídeo abaixo:
Por Patrícia Dijigow