As plantas do gênero botânico Amaranthus são conhecidas por diversos nomes comuns: amaranto, caruru, bredo, amarantus - todas da família Amaranthaceae. Os amarantos são nativos das Américas e cultivados há mais de 5.000 anos, pelas civilizações Maia, Asteca e Inca, sendo considerado até então como um alimento sagrado. Para essas civilizações, principalmente os astecas, os amarantos recebiam importância nos aspectos nutricionais, terapêuticos e ritualísticos.
A grande maioria das plantas do gênero Amaranthus são herbáceas, ou seja, não atingem o porte de arbusto ou árvores. Apresentam um rápido crescimento sendo que, dependendo da espécie, as condições ambientais influenciam de maneira significante na estatura da planta. O caule pode apresentar variação entre 2,5 e 15 centímetros, dependendo da umidade de superfície do solo.
Apenas a espécie Amaranthus hypochondriacus (ilustração abaixo) é um caso específico, cuja altura máxima pode atingir até 1,8 metros. As folhas são verdes e dependendo da espécie podem apresentar manchas roxas, amarelas ou avermelhadas, sendo essa uma característica que faz com que essas plantas tenham grande potencial ornamental. As minúsculas flores são dispostas em inflorescências que podem ter centenas a milhares delas.
Ilustração: Plantarum indigenarum et exoticarum icones ad vivum coloratae, oder, Sammlung nach der Natur gemalter Abbildungen inn- und ausländlischer Pflanzen, für Liebhaber und Beflissene der Botanik /.
As flores e inflorescências variam de cor, podendo ser totalmente verdes, castanhas, marrons e a cor mais predominante e comum é o vermelho intenso. As sementes de amaranto possuem colorações variadas como branca, amarela, rosa, cinza, preta ou vermelha, além de possuir variações de diâmetro que vai de 1 a 1,5 milímetros e possuem espessura de 0,5 mm.
A partir de 1975, o Amaranto ganhou destaque mundial quando a National Academy of Sciences o considerou como uma das 23 espécies tropicais mais promissoras e recomendadas para estudo, devido a seus aspectos nutricionais. A principal espécie cultivada em todo o mundo como alimento é Amaranthus caudatus e todas as suas partes são comestíveis. É um alimento rico em ferro, potássio, cálcio e vitaminas A, B1, B2 e C.
Em países como a China esta planta é utilizada como forrageira; na África, Ásia e Américas pode ser utilizada como hortaliça e seus grãos têm sido utilizados no processamento de pães, biscoitos e alimentos especiais para pessoas com intolerância ao glúten, contendo na literatura trabalhos que mostram o potencial de utilização desse pseudocereal(*) para a elaboração de produtos industrializados para celíacos. As folhas do Amaranto podem ser utilizadas como hortaliças em saladas, sopas, recheios, e os talos como forragem animal e suplemento mineral do solo.
Os grãos podem ser empregados in natura ou sob a forma de farinha para enriquecimento de sopas, biscoitos, mingaus, pães, panquecas e até mesmo produtos a serem adicionados ao leite. No Brasil, seu uso na culinária é mais visto nos em Pernambuco e na Bahia, onde recebe o nome de bredo.
Para a civilização Asteca, os amarantos eram utilizados como alimento, tinham funções terapêuticas na cura de doenças e nos rituais eram ofertados aos deuses. As funções medicinais são comprovadas cientificamente, no combate também infecções, problemas hepáticos, hidropsia e infecções da bexiga.
O cultivo de amaranto é realizado com o plantio de suas pequenas sementes e prefere clima subtropical ou tropical, podendo ser cultivado em temperaturas entre 22°C e 30°C. O solo deve ser preferencialmente, rico em matéria orgânica, entretanto os amarantos toleram solos com escassez nutricional durante o desenvolvimento das sementes. Para realizar o plantio as sementes devem ser plantadas em local definitivo ou sementeiras, e estar próximas à superfície com uma leve camada de terra peneirada para cobri-las.
É uma planta de rápido crescimento e a colheita das folhas e pontas dos ramos pode ser feita a partir de 55 a 70 dias após o plantio e das sementes, pode ocorrer entre 80 e 90 dias após o plantio. No Brasil, o amaranto tem sido cultivado em Planaltina (DF) e na cidade de Natal (RN), e por alguns pequenos horticultores.
Atualmente, o consumo de amaranto no Brasil deve-se à sua importação basicamente de países como Chile e Peru. Entretanto o Brasil não é listado como consumidor de amaranto, embora existam pesquisas e iniciativas de incorporação das folhas e grãos desse pseudocereal na alimentação humana e produtos alimentícios.
(*) Os pseudocereais são sementes que contém amido e que não pertencem a classe dos cereais (gramíneas). A quinoa é outro exemplo de pseudocereal.
Por: Anderson Santos